Rancho Clark | ETOLOGIA DE EQUINOS
Médico Veterinário CRMV-SC 3764 – Juiz e Inspetor Zootécnico ABQM e ABC PAINT – Consultor em Comportamento e Bem Estar Animal.
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22 jun ETOLOGIA DE EQUINOS

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ETOLOGIA DE EQUINOS

Roger Clark

 

INTRODUÇÃO

Amizade entre o homem e o cavalo remonta os princípios da civilização, quando o animal começa a ser usado como meio de locomoção. Os eqüinos, tem fundamental importância na vida dos homens, uma vez que essa relação contribuiu para o desenvolvimento da humanidade em suas expansões territoriais e na sociedade de uma maneira geral.

A primeira relação entre o homem primitivo e os eqüinos foi alimentar, pois os eqüinos sempre foram fonte de alimento para diferentes espécies, inclusive para o ser humano. Mais tarde, o homem descobriu outras virtudes nos cavalos além de proporcionar alimento, o que com certeza contribuiu para sua domesticação.

CLASSIFICAÇÃO ZOOLÓGICA DA ESPÉCIE

Classe: Mamíferos (Mammalia);

Ordem: Perissodáctilos (Perissodactyla – dedos ímpares).

Família: Equideos (Equidae);

Gênero: Equus

Espécies: Equus caballus, 

ORIGEM DOS EQUINOS

Os eqüinos atuais descendem de animais que habitavam a Terra aproximadamente há 50.000.000 anos, no período geológico conhecido como Eoceno. Estes mamíferos, pouco parecidos com o cavalo atual, possuia 25 a 50 cm de altura (tamanho de uma raposa), dorso ligeiramente arqueado e apoiava-se sobre 4 dedos nos membros anteriores e posteriores.

O maior número de dedos capacitava os animais a correrem de maneira segura e eficiente nos campos pantanosos das florestas tropicais, buscando alimento ou escapando dos predadores, saltando e escondendo-se entre os arbustos.

Possuía dentes com estruturas simples mais apropriados ao consumo de folhas tenras, brotos e porções carnosas das plantas. Um fóssil desse pequeno animal foi classificado na Inglaterra em 1838 como um roedor, recebendo o nome de Hyracotherium. Mais tarde, em 1876, o Hyracotherium foi comparado a outro fóssil encontrado na América do Norte, denominado Eohippus, quando foi constatado que se tratavam de animais de mesmo gênero.

hyracotherium

Pelas leis de prioridade do Código de Nomenclatura Zoológica, o nome Hyracotherium prevalece sobre o Eohippus, apesar de que o último nome é amplamente utilizado.

Outros fósseis da época Oligoceno encontrados na América do Norte constituíram a segunda peça da evolução dos eqüinos, entre eles dois tipos distintos. O Mesohippus, com aproximadamente 60 cm de altura, três dedos e dentes semelhantes ao seu ancestral que não correspondiam a animais consumidores de pasto. Outro tipo foi o Miohippus, que era muito semelhante ao Mesohippus, mas com maior estatura, o qual acredita-se que tenha migrado para a Europa e, posteriormente, desaparecido.

Mesohippus

O estudo da origem dos eqüinos na época Mioceno, mostra que estes viviam em três ambientes distintos: terras baixas (Pliohippus), terras altas (Parahippus) e terras desertas (Merychippus) comprovando as notáveis adaptações evolutivas em relação ao tamanho, estrutura esquelética e dentição. No Mioceno, as gramíneas tornaram-se mais abundantes e os herbívoros deixaram de ser consumidores de arbustos para consumirem pastos, havendo necessidade de adaptação dos dentes a este alimento mais fibroso, que promovia maior desgaste dentário.

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Para escapar dos predadores estes indivíduos sofreram transformações anatômicas para adquirir velocidade. No estudo da Osteologia observa-se que no antebraço a fusão dos ossos rádio e ulna determinou a perda de rotação dos membros anteriores. Nos membros posteriores, a tíbia e a fíbula também sofreram fusão semelhante. As articulações dos cavalos começaram a trabalhar num só plano, para frente e para trás, o que permitiu aumento na velocidade quando comparado a outras espécies. O dedo médio tornou-se maior e mais robusto, sendo capaz de suportar o próprio peso, os laterais apesar de apresentarem pequenos cascos não entravam em contato com o solo quando em estação, ainda que isto poderia acontecer quando corria. Os gêneros dessa época possuíam aproximadamente um metro de altura, eram mais esbeltos, mais ativos, inteligentes e atléticos. Restos fossilizados destes animais foram encontrados em praticamente toda a América do Norte.

Muito semelhante ao cavalo moderno o Pliohippus (Época Plioceno), foi o primeiro gênero a apresentar um só dedo, embora os ossos estilóides (metacarpianos e metatarsianos acessórios) fossem maiores que no cavalo moderno.

Pliohippus mesmo sem apresentar significativas mudanças evolutivas é considerado o antecessor do gênero Equus.

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O Pleistoceno foi a Época do surgimento do homem e simultaneamente do gênero Equus, que difundiram-se por todo o mundo. Fósseis desse gênero foram encontrados na Ásia, Europa, África, América do Norte e América do Sul. O gênero Equus (Época Pleistoceno) difere pouco dos seus antepassados próximos (Pliohippus) e a estrutura dentária é a principal diferença, mais especializada na trituração de pasto por apresentar dentes pré-molares e molares com mesas dentárias mais desenvolvidas.

Acredita-se que o berço da evolução do cavalo até o gênero Equus foi a América do Norte, pelos inúmeros fósseis dos diferentes gêneros encontrados em diversas regiões como os estados da Flórida, Texas, Montana, Califórnia e Óregon. Apesar desta teoria, quando o Hemisfério Ocidental foi descoberto pelos europeus não existiam cavalos nas Américas, o motivo ainda representa um dos mistérios da história.

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Após a difusão do Equus por todo o mundo, a partir da América do Norte, desenvolveram-se formas distintas desse gênero em diferentes regiões e em diferentes épocas, provavelmente influenciadas pelas grandes variações de altitude, clima, solo e alimentos. Os primeiros eqüídeos selvagens adaptaram-se bem a vários ambientes como estepes, bosques, desertos e tundras. O Equus caballus (cavalos domésticos) foi encontrado no norte da Ásia e em toda a Europa, o Equus hemionus (Onagro e o Kiang) no centro e sul da Ásia, o Equus asinus (jumentos) no norte da África e as diferentes espécies de zebras, entre elas, Equus zebra, também encontradas na África.

ÉPOCA DA DOMESTICAÇÃO

A época e o local exato desta domesticação ainda é uma dúvida entre os historiadores, citam a China e a Mesopotâmia, entre os anos 4.500 a 2.500 a.C., como dois desses locais. No ano 1.000 a.C., o cavalo já havia sido domesticado e difundido em quase toda a Europa, Ásia e norte da África.

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Logo após a sua domesticação, o cavalo foi utilizado como poderoso instrumento de conquista, transporte, carga, tração, diversão e de competições esportivas. São incontestáveis os benefícios que a domesticação dessa espécie trouxe para a humanidade, pois todas as grandes conquistas dos diferentes povos, desde as mais antigas civilizações até a idade moderna deram-se no dorso dos eqüideos.

Nas conquistas intercontinentais, como por exemplo a colonização das Américas, os cavalos também tiveram presença marcante. Quando os primeiros europeus desembarcaram no “Novo Mundo” trouxeram muitos eqüideos que foram os principais recursos desses conquistadores.

PRINCIPAIS UTILIDADES DOS EQUINOS AOS HUMANOS

O cavalo foi, talvez, o animal que mais radicalmente mudou de utilidade. Quando o homem o dominou e adestrou pela primeira vez, usou-o como meio de transporte e para fazer a guerra.

A utilização dos cavalos por milhares de pessoas ao redor do mundo vem sendo cada vez mais discutida, já que sabemos que para muitos, o cavalo é uma ferramenta de trabalho, um meio de vida e uma profissão.

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São varias as utilidades dos eqüinos para os humanos. São utilizados na lida de campo, tração animal transportando cargas em propriedades rurais e alguns centros urbanos, utilizado com finalidades militares (cavalaria), esportes hípicos e uma das atividades mais nobres é a Equoterapia, onde se observa o movimento tridimensional do dorso do cavalo ajudando a fornecer imagens cerebrais seqüenciais e impulsos importantes para se aprender ou reaprender a andar.

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CLASSIFICAÇÃO COMO PRECOCIAL ou ALTRICIAL

Os ungulados constituíam uma divisão de mamíferos que compreendia os animais de casco, como os artiodáctilos e perissodáctilos.

A designação ungulados não faz parte das classificações científicas e partiu-se nas seguintes ordens de mamíferos: Perissodactyla – ungulados de cascos ímpares (cavalos e zebras, um dedo).

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Estes são considerados animais Precociais Secundários, com longo período de gestação, os animais já nascem bem desenvolvidos, com os olhos abertos e em condições de locomover-se, buscar e ingerir seu próprio alimento com pouca ajuda dos pais. Normalmente são espécies oligotocos (um filhote).

Dentre as espécies precociais há a seguinte divisão: Seguidoras: seguem a mãe após o nascimento, têm alta freqüência de amamentação. Ex.: cavalo

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COMPORTAMENTO SOCIAL (IMPRINTING e TIPO DE HIERARQUIA)

O Equus caballus tem suas características comportamentais resultantes da adaptação evolutiva ao seu ambiente, de forma a aperfeiçoar a sobrevivência em um nicho de determinada comunidade. Para tanto seus sentidos são agudos, suas reações rápidas, e desempenham uma forte coesão social. (HOFFMAN & BECKER., 2005).

A estrutura social do grupo é determinada pelo tipo e qualidade das relações entre os indivíduos, sendo estas definidas por si mesmas na natureza das interações. Tais interações entre os membros ou comportamentos de um indivíduo sugerem que estes possuem, no grupo, funções específicas, sendo a hierarquia parte de sua formação naturalmente respeitada.

Animais mais velhos e maiores são normalmente encontrados na ordem de dominância. (GODWIN, D., 2002). Um garanhão dominante do grupo desempenha a função de conduzir o movimento do rebanho pela área de pastagem, além de manter um papel de vigilância em geral. Este animal pode ser descrito como um coordenador de ações, liderando e encorajando o grupo a se manter unido.

O garanhão maduro, embora muitas vezes retratado como agressivo e dominador, vive relativamente em silêncio, e não usa todo seu tempo brigando, mas sim demarcando territórios pelo cheiro de marcação de suas pilhas de esterco e urina (defesa intra e interespecífica de território) (HOUPT, 2002; WORTHINGTON-KILEY, 2005). Tal função é de suma importância, uma vez que, determinado indivíduo que inicia uma atividade não é seguido pelos membros do grupo, a menos que o indivíduo controlador junte-se ao movimento.

Uma égua mais velha é considerada líder do grupo uma vez que possui maior conhecimento da área que se encontra e de seus perigos potenciais, em relação aos outros animais do grupo (MILLS & NANKERVIS, 2005). Segundo Mills e Nankervis (2005) os cavalos possuem uma zona de perigo, um determinado espaço ao redor destes, no qual ocorre uma ordem de hierarquia secundária, onde o equino subordinado respeita o dominante e mantém-se a uma distância segura. Tal dominância social é principalmente exibida quando se possui um lugar restrito para a alimentação, forçando-os a entrar na zona de perigo dos outros animais, tal situação quase não ocorre na natureza, pois a competição por alimento é menor (FRASER, 2010; HOFFMAN & BECKER, 2005).

O processo de imprinting ocorre dentro da primeira hora após o nascimento do potro. É um período crítico, onde o animal aprende a conhecer sua mãe.

É muito utilizado por criadores para acostumar desde cedo a relação do homem com o cavalo.

COMPORTAMENTO INGESTIVO

A seleção da dieta por herbívoros em pastagem é definida como a escolha do alimento entre diferentes componentes, quando há oportunidade de livre escolha (DUMONT, 1997). Esta seleção é influenciada por muitos fatores, tais como: demanda nutricional, compostos tóxicos nas plantas, disponibilidade da forragem, interação social e risco de predadores. Durante o pastejo, os eqüinos freqüentemente se defrontam

com heterogeneidade espacial e temporal disponível ao pastejo e devem tomar decisões instantâneas de quando e onde pastejar. Estas decisões podem ser consideradas como uma troca entre os custos e benefícios que a forragem pode oferecer e tem efeito de curta ou longa duração no bem-estar animal (BAILEY et al., 1996).

Estudos a respeito do comportamento ingestivo dos e eqüinos (ILLIUS et al., 1992; LACA et al., 1992; UNGAR & RAVID, 1999; UNGAR et al., 2001; NAUJECK & HILL, 2003; DITTRICH et al., 2005) mostraram que os animais podem identificar inúmeras características estruturais das plantas, como a altura, a densidade, presença de folhas e colmos etc., e executar diferentes estratégias para a seleção e colheita da forragem. O comportamento dos eqüinos em pastejo e a seleção da dieta são de fundamental importância na avaliação do sistema alimentar na criação de cavalos, porque determinam a quantidade e a qualidade dos nutrientes ingeridos (MICOL et al., 1997; DURANT et al., 2004).

COMPORTAMENTO REPRODUTIVO

Na natureza os garanhões apresentam dois comportamentos principais: Mantém seu harém junto e protegido e identificação de éguas em estro, corte e acasalamento.

No harém, a égua mais velha vai a frente e o garanhão segue atrás conduzindo o grupo e garantindo que nenhuma égua escape do grupo, levadas por outros garanhões.

Eles seguem conduzindo trotando ou galopando atrás do grupo ou ladeando os indivíduos desgarrados do grupo, mostrando sua irritação abaixando e levantando a cabeça e murchando as orelhas para junto da nuca.

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Apenas ocasionalmente ocorrem lutas, antes o garanhão sinaliza, se exibindo e provocando seu adversário, sapateando e ameaçando. Pois a agressão envolve riscos de ferimentos mesmo que seja o vencedor da disputa, desta forma os indivíduos que conseguem desenvolver alternativas aos conflitos físicos são superiores e conseguem se reproduzir e desta forma perpetuar sem gen. Isso inclui marcar bem seu território e saber ler o adversário, ter noção da sua condição física, saber se impor e sobretudo saber quando se retirar da disputa. Tudo isso pode durar muito tempo enquanto o embate físico dura segundos.

Na vida selvagem é normal encontrarmos grupos de garanhões solteiros. Esses também brigam e podem se matar na ocasião das disputas por haréns. Mas isso não ocorre com frequência e da mesma forma que com os garanhões que protege seus haréns, os solteiros avaliam os riscos e a escala de ameaças também é utilizada.

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Quando um garanhão percebe que uma das éguas de seu harém está próxima ao estro, este começa a prestar mais atenção e a fazer investidas, mordiscando sua traseira. Até entrar em estro ela não permite este comportamento e se esquiva ou escoiceia, repelindo a atitude, porém ao entrar em estro em resposta a investida do garanhão ela para, permitindo que ele mordisque seu corpo até o pescoço. Seguindo para a região perineal onde cheira e em resposta a qualquer eliminação de líquidos corporais ele faz o flehmen. O garanhão também saltita e empurra a égua, aumentando gradativamente a intensidade.

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Em resposta a égua em estro everte o clitóris, lateraliza a cauda e urina. O garanhão “testa” a égua expondo o pênis e montando algumas vezes, inicialmente pela lateral do seu corpo. Após as invertidas exploratórias o garanhão terá a certeza de sua aceitação pela égua, ele faz a exposição do pênis em ereção e efetua a monta com penetração. Na cópula que é rápida o garanhão pode morder a crina e/ou pescoço da égua e a ejaculação

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pode ser presumida pelos movimentos de abaixar e levantar da cauda, abaixa a cabeça e relaxa os músculos da face. Na vida selvagem o garanhão estará disposto a cobrir outra égua em 10 minutos.

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PRINCIPAIS DESAFIOS DE BEA – BEM ESTAR ANIMAL PARA O SISTEMA CRIATÓRIO CORRENTE

É preciso saber avaliar o grau de bem-estar animal para melhorarmos a qualidade de vida dos cavalos e conseqüentemente, a relação entre humanos e cavalos.

Atualmente, tem-se estudado formas diretas e indiretas de avaliação do bem-estar de diferentes espécies por meio de indicadores físico-comportamentais (diretos) e ambientais (indiretos). Esses indicadores específicos estão sendo mais valorizados por pesquisadores e proprietários, por considerarem além das necessidades básicas do animal para uma vida regular (SILVA, 2014).

Para realizar uma avaliação do bem-estar animal é muito importante entender que alguns pré-conceitos sejam abandonados, mesmo aqueles enraizados nas tradições da criação de eqüinos. Ao abandonar os pré-conceitos, é possível avaliar, analisar e modificar práticas, procedimentos e instalações com o objetivo de promover e manter elevado o grau de bem-estar dos cavalos.

Antes de qualquer análise sobre bem-estar, um estudo dos comportamentos normais de uma espécie é essencial para a identificação de qualquer tipo de problema. As características físicas e os comportamentos naturais dos cavalos devem servir de base para as escolhas com relação às instalações e práticas de manejo a serem desenvolvidas.

Na Equídeocultura, que compreende a criação de eqüinos, asininos e muares, também se tem buscado adequar a criação destes animais às leis de bem-estar e aos princípios da ambiência.

Grandes criadores de eqüídeos do mundo têm pesquisado soluções para a criação adequada de seus animais. No Brasil, isso não é diferente, mesmo que ainda timidamente, grandes haras nacionais têm investido em climatização de ambientes, rações e água de altíssima qualidade, tudo isso para ter animais mais fortes, mais bem adaptados e em condições de conforto nas regiões onde são criados, seja para finalidade de trabalho ou lazer. É importante frisar também que estes cuidados com os animais deverão se estender aos esportes eqüestres, uma vez que esses animais podem chegar a valores muito elevados.

Medidas ambientais simples deverão ser tomadas sempre que possível em prol da ambiência dos animais, tais como, propiciar sombra nos piquetes de pastejo ou piquetes maternidade para evitar possíveis danos à saúde das éguas e potros. Se não houver disponibilidade de sombra natural, recomenda-se providenciar estruturas de sombreamento artificial (tela sombrite) para os animais. Além de sombra, deve-se proteger o local de arraçoamento; investir em cercas fortes e que protejam, principalmente, os potros curiosos; destinar às éguas recém-paridas um piquete exclusivo; aos garanhões, destinar piquetes amplos ou baias amplas e arejadas. Se os animais forem colocados em baias, permitir um confinamento adequado com baias bem dimensionadas e com boa entrada de luz e ventilação, com cama sempre limpa e com alturas corretas de cochos de água e comida e, sempre que possível, colocar alguma distração (enriquecimento ambiental) dentro das baias para evitar vícios comportamentais, tais como a aerofagia (vicio de engolir ar).

Com relação ao bem-estar de animais confinados, recomenda-se ainda destinar um período do dia, de preferência o de temperatura mais amena (manhã), para execução de exercícios físicos, onde será possível evitar problemas de estresse térmico e traumas. Atualmente percebe-se uma mudança nos criadores de animais que competem em modalidades olímpicas, no quesito ambiência e bem-estar para que os animais tenham um ótimo desempenho nas provas disputadas.

No Brasil, a equídeocultura avança rápido e na mesma velocidade tem-se também a expansão dos estudos de ambiência e bem-estar animal voltados a esse importante setor.

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                                                          http://nebeqfloripa.wixsite.com/ufsc/o-nucleo

 

CONCLUSÃO

Conceito amplamente difundido na atualidade, o bem estar animal deixou de ser apenas uma opção. No que se refere aos cavalos, em qualquer atividade a qual esses animais sejam submetidos, a atenção à sua boa disposição, satisfação, conforto e segurança é indispensável.

     “Aquele que conhece verdadeiramente os animais é, por isso mesmo, capaz de compreender plenamente o caráter único do homem”

                                                                       Konrad Lorenz

 

Roger  Clark

 

 

REFERENCIAS BIBLIOGRAFIAS:

DITTRICH, J. R.; et al. Comportamento ingestivo de equinos e a relação com o aproveitamento das forragens e bem-estar dos animais. R. Bras. Zootec. ,vol.39 supl. Viçosa,July 2010.

SILVER, C. Tudo sobre cavalos: um guia mundial de 200 raças. 3. ed. -. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

TORRES, A. P.; JARDIM, V. R. Criação do cavalo e de outros equinos. São Paulo, SP: Nobel, 1977.

CINTRA, A. G. C. O cavalo: Características, Manejo e alimentação. São Paulo, SP: Roca, 2011. 384 p.

MILSS, D.S & NANKERVIS, K.J. – Comportamento Eqüino: Princípios e Praticas – São Paulo, Editora Roca, 2005

LETA, UFSC, MAPA – Manual de Boas Práticas de Manejo em Equideocultura – 2017