Rancho Clark | CURSO PRÁTICO DE AVALIAÇÃO DE EQUINOS
Médico Veterinário CRMV-SC 3764 – Juiz e Inspetor Zootécnico ABQM e ABC PAINT – Consultor em Comportamento e Bem Estar Animal.
Veterinário, Inspetor Zootécnico, Juiz Zootécnico, Consultor, Bem Estar Animal, Comportamento Animal
356
single,single-post,postid-356,single-format-standard,ajax_leftright,page_not_loaded,boxed,,qode-title-hidden,qode-theme-ver-7.7,wpb-js-composer js-comp-ver-7.9,vc_responsive
ibbbbmages (3)

05 jun CURSO PRÁTICO DE AVALIAÇÃO DE EQUINOS

CURSO PRÁTICO DE AVALIAÇÃO DE EQUINOS

como-entender-o-comportamento-dos-cavalos-cursos-cpt

Florianópolis, SC
2016

Roger de Oliveira Clark
Médico Veterinário CRMV-SC 3764

“Primeiro foi preciso civilizar o homem em sua relação com o
próprio homem. Agora é preciso civilizar o homem em sua
relação com a natureza e com os animais”.

Victor Hugo (1802-1885)

DEDICATÓRIA

Aos meus pais, Rosa de Oliveira Clark e Gerhard Clark ( in memoriam), a quem devo a vida e a educação, pelos exemplos e por acreditarem na instrução de seus filhos e no saber como “a herança que ninguém pode roubar”, sendo este o maior investimento que uma família pode fazer, em relação à seus filhos.

Aos meus eternos mestres que sempre me apoiaram, acreditando em meu potencial, dando-me a oportunidade de por em prática um aprendizado acadêmico e nas experiências do dia a dia, com seus exemplos, seus conselhos e suas orientações. Pessoas especiais que fazem os momentos se tornarem especiais.

AGRADECIMENTOS

Ao longo de nosso caminho, encontramos pessoas que se tornam importantes e nos auxiliam em nossa evolução.
A família, os amigos, nossos professores, entre tantos outros, mas, alguns exerceram um papel de alta relevância, pois nos possibilitaram adquirir conhecimento que nos permitirá seguir em frente em nossa jornada.
Essas pessoas são como verdadeiros guias de luz, iluminando nosso caminho com seus exemplos, suas culturas, e suas orientações baseadas nos anos de experiências.
Conhecimento é um tesouro que deve ser compartilhado e por isso sou eternamente grato aqueles que de alguma forma ajudaram-me a formar a minha base, a minha capacidade profissional e a minha vontade de aprender sempre.
A todos eu digo que não quero que me deem razão, mas que acreditem na minha vontade de acertar e perseverar.
Agradeço aos meus grandes amigos e mestres:

Sr. Jacintho Luiz Catano Filho – Rancho Ubatã, Maricá RJ – Presidente da RJQM
Dr. José Jaline de Azevedo – Médico Veterinário – Prof. UFF – Juiz ABCC Campolina e Mangalarga Marchador.
Dr. Alan Kardeck da Silveira – Médico Veterinário – Prof. Cirurgia – UFF / UNIGRANRIO
Dr. Mário Ribeiro Estrela (In Memorian) – Médico Veterinario – Secretaria de Agricultura RJ
Dr. Fernando Queiroz – Médico Veterinário – Leiloeiro Rural
Dr. Jarbas Leonel Bertoli – Médico Veterinário – Studbook ABQM
Abdalla Jorge Abib – Jornalista – Revista ABQM
Paulo Cesar Scariot – Criador Haras 2 Meninas H2M

O AUTOR

Roger de Oliveira Clark, é Criador e Médico Veterinário, registro profissional CRMV-SC 3764 com larga experiência em equideocultura.

É juiz homologado da ABQM (Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Quarto de Milha) e ABC Paint (Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Paint).

Atua como inspetor zootécnico da ABQM e ABC Paint em todo território nacional.

Instrutor do SENAR – Serviço Nacional de Aprendizado Rural nas áreas de Administração Rural, Preparo de Animais para Exposição, Formação de Mão de Obra Rural, Primeiros Socorros, Casqueamento e Ferrageamento de equinos e Doma Racional.

Possui capacitação em Bioética, Comportamento e Bem Estar Animal tendo atuado no ano de 2014 nos eventos oficiais da ABQM nesta área.

Publicou artigo sobre Genética das Pelagens dos Cavalos Quarto de Milha, publicado pela revista oficial ABQM.

Publicou trabalho sobre Parâmetros Hematológico em Muares, sendo referência para vários trabalhos de conclusão de curso de alunos de medicina veterinária.

Elaborou trabalhos sobre Dinâmica de Locomoção Equina do Cavalo de esporte e trabalho, ministrando vários cursos e palestras neste segmento.

Participou do III Congresso Brasileiro de Bioética e Bem Estar Animal organizado pela UFPR (LABEA) /CFMV – Laboratório de Bem estar animal da Universidade Federal do Paraná e Conselho Federal de Medicina Veterinária.

Cursou a disciplina de Bioética da Pós-Graduação no Centro de Ciências Agrárias, Laboratório de Bem Estar Animal da Universidade Federal do Paraná LABEA/UFPR.

1ª PARTE

Comportamento Animal / O Corpo do Cavalo Fala

2ª PARTE

Conformação / Morfologia, Proporções e Equilíbrio.

3ª PARTE

Conceito de Raça.

4ª PARTE

Entendendo o Cavalo Quarto de Milha / Regiões do Corpo / Centro de Gravidade
Aprumos / Cascos.

5ª PARTE

Dinâmica de Locomoção.

6ª PARTE

Cabeça / Audição do cavalo / Narinas / Boca / Focinho / Olhos / Campo de Visão
Pescoço / Musculatura / Tronco / Peito / Tórax.

INTRODUÇÃO

Desde muito novo, os cavalos já faziam parte de minha vida e como tal, nos primeiros momentos, a paixão era a única forma de se avaliar um cavalo e como qualquer marinheiro de primeira viagem, nem sempre a escolha determinava o cavalo certo.
O tempo foi passando e pouco a pouco a convivência com o cavalo e com outros amantes profissionais ou não, a experiência foi abrindo os caminhos do conhecimento e da prática, desta forma lá se vão mais de quarenta anos de dedicação e amor ao cavalo.
Uma vida de práticas, de estudos, de pesquisas, que permitiram ousar a escrever este trabalho no intuito de contribuir com algumas dicas importantes para uma boa e segura avaliação de um cavalo, seja para o esporte ou lazer.
Espero de alguma forma ser ÚTIL, passando algum conhecimento, até porque, conhecimento não se guarda, deve sempre ser passado adiante.

OBJETIVOS

Observa-se que o mercado do cavalo continua em franca expansão proporcionando a chegada de novos adeptos (proprietários e/ou criadores), muitos com pouco conhecimento na avaliação desses animais no que diz respeito ao seu exterior, raça, função, aptidão, manejo, equitação, entre outros.

Desta forma é nosso objetivo contribuir e disponibilizar algum conhecimento básico sobre avaliação de equinos, o que permitirá ao iniciante observar com segurança alguns detalhes importantes na hora da aquisição de seu novo cavalo.

Costumo dizer em minhas palestras uma frase que julgo no mínimo interessante.

“NÃO CRIE CASOS, CRIE CAVALOS”.

1ª PARTE – COMPORTAMENTO ANIMAL

Pretendo aqui abordar uma visão pratica e simples na avaliação de um cavalo, tanto para esporte quanto para o lazer, evidenciando sua conformação, seu equilíbrio e suas proporções. Antes de entrarmos no assunto propriamente dito, devemos ter sempre em mente a segurança, tanto para nós que vamos maneja-los, como também para os animais evitando acidentes que podem causar sérios prejuízos. Vamos tratar do tema COMPORTAMENTO ANIMAL, que irá nos ajudar a entender as atitudes, as reações e os sinais emitidos pelo cavalo para que possamos ter um bom manejo com total segurança.

O que é COMPORTAMENTO ANIMAL?

wild-mustangs-colorado (1)

Basicamente, o comportamento animal é a forma como um animal reage ao ambiente que o cerca e as suas condições fisiológicas.
Todos os tipos de comportamento, simples ou complexos, são resultados da resposta do animal a um estímulo.
Estimulo é uma mudança em algum aspecto do ambiente ou uma mudança que ocorre dentro do animal.
Quando o comportamento não é aprendido nem modificado pela experiência, ele é considerado instintivo.

Não será necessário um aprofundamento sobre esse assunto, porem devemos entender duas reações que julgo das mais importantes, isto é, FUGA ou DEFESA.
A reação de ansiedade / medo, faz parte de um sistema de comportamento defensivo construído pela evolução para enfrentar perigos.
A formula mais conhecida de resposta é a luta ou a fuga que são divididas em quatro direções básicas de respostas comportamentais.

1. Agressão (Mostra-se perigoso, atacar ou revidar)
2. Bater em retirada (Evitando o perigo, fugindo)
3. Imobilização (Paralisar-se quando fugir é inviável)
4. Desfalecimento (Submissão / Pacificação para não sentir dor)

Desta forma, por mais que se considere um animal manso e bem manejado, nunca é demasiado o cuidado na abordagem.
Sempre se faz necessário preveni-los de nossa chegada, falando calmamente evitando surpreendê-los, evitando gestos bruscos e gritos.

Exemplos:

• Abordando um cavalo preso – Chama-lo pelo nome ou com uma expressão amigável sem nunca ficarmos atrás dele, nem nos deixar apertar contra a baia ou parede, sempre com o devido cuidado para deixar espaço para passarmos.
• Abrir a porta sempre devagar e ao entrar, se dirigir a sua cabeça não deixando chance de nos encurralar em um canto.
• Abordar um cavalo solto – Se dirigir calmamente para o cavalo e quando estivermos muito próximos falar e estender a mão baixa para que ele cheire ou lhe dar algum alimento que lhe agrade. Convém nos aproximar pelo lado procurando passar o braço ou uma corda a volta do pescoço e em seguida colocar o cabresto. Nunca correr atrás dele, o que dificultará muito a sua contensão.

O CORPO DO CAVALO FALA

728px-Break-a-Horse-Step-18-Version-3

Você já olhou para seu cavalo?

É preciso ler o cavalo prestando atenção aos sinais que ele nos dá com seu corpo, com seu olhar, com seus sons, sua respiração, nos seus movimentos, em tudo.
O cavalo está a todo instante enviando sinais claros e precisos, sinais que demonstram o que passa pela sua cabeça nos permitindo saber o que está acontecendo com ele.

São três os sinais de linguagens corporais distintas.

1. Repressão – Animais corajosos e dominadores colocando o corpo na frente impedindo nosso avanço.
2. Empurrão – Com o ombro (Escápula ou Paleta) é uma forma violenta de dominação do tipo “Chega para Lá”.
3. Apresentação da traseira – Demonstra que vai escoicear.

Um dos sinais de comunicação mais utilizado e fácil de ser observado é o transmitido palas orelhas.
As orelhas mostram sempre onde está direcionada a atenção do cavalo. Conforme sua posição, vai mostrar seu ânimo e sua intenção.

Exemplos:

• Inclinação aguda para frente indica tensão, curiosidade ou atenção.
• Caídas para o lado indica cansaço, relaxamento ou alguma patologia.
• Voltadas para traz abaixadas indica animosidade, violência, perigo.

O importante é ter conhecimento dessa noção básica do comportamento dos cavalos, conhecendo os sinais e ter uma excelente convivência, aproveitando a sua utilização com harmonia.

2ª PARTE

Partindo do princípio que já temos uma noção de comportamento animal, dos sinais emitidos pelos cavalos e de como aborda-los de maneira segura, passaremos agora à sua avaliação no que diz respeito a sua conformação / morfologia, seu equilíbrio, suas proporções, visando sempre a sua função, tanto esportiva quanto de lazer.

Baseado na figura abaixo pergunto aos leitores:

O que você está concluindo ao ver essa imagem?

dashin-bye

Independente de raça e função, todos os cavalos deverão estar inseridos dentro de um quadrado. E porque isso?

Agora sim, começaremos a conhecer sobre conformação, equilíbrio e proporções do cavalo.
A resposta a esta figura acima está diretamente ligada ao cavalo que queremos para as atividades de esporte e lazer. Um cavalo funcional deve ter uma boa conformação, um bom equilíbrio e com suas proporções adequadas para seu bom desempenho.

PROPORÇÕES

Na avaliação morfológica (conformação) dos cavalos, podemos definir a proporção como sendo as relações entre as diversas regiões do corpo e o conjunto formado por elas (Ribeiro, 1988).
O equilíbrio é considerado bem proporcionado se as partes do corpo, observadas em conjunto, são adaptadas a função a que ela se destina, como sela, esporte ou tração (Costa et al, 1998).
As proporções corporais podem ser avaliadas a partir de indícios que evidenciem relações entre as medidas de comprimento, de perímetro e de peso (Oom & Ferreira, 1987).
Citado por Torres & Jardim (1981), tem sido utilizado há várias décadas no estudo das proporções dos cavalos baseando-se no comprimento da cabeça que apresenta as seguintes relações, entre outras:

 A altura da cernelha e na garupa.
 O comprimento do corpo, equivalem a duas vezes e meia o comprimento da cabeça.
 Comprimento do pescoço e da escápula (paleta) apresentam o mesmo valor do comprimento da cabeça.

EQUILÍBRIO

É um aspecto muito importante na análise morfológica de um cavalo.
A boa distribuição da massa muscular na parte anterior e posterior do cavalo é uma manifestação de equilíbrio.
O equilíbrio está relacionado basicamente com a conformação do esqueleto do cavalo, principalmente a sincronia e alinhamento de suas angulações.
Todo e qualquer desequilíbrio na estrutura óssea é severamente agravado pelo peso do animal, assim como, o peso do cavaleiro com as exigências dos comandos (manobras) principalmente nas provas hípicas em geral.

Imagem1

Espero que até agora todos estejam entendendo as informações que estamos passando, pois com total certeza elas serão uteis em todos os momentos que se fizerem necessárias na avaliação do cavalo, avaliação esta que servirá inclusive na hora de comprar um animal, evitando levar para casa um animal com problemas que sempre passam despercebidos aos olhos da emoção do futuro proprietário.
Vamos prosseguir abordando sobre conceito de raça e posteriormente, entraremos na avaliação de uma raça especifica, neste caso a raça Quarto de Milha que atualmente é muito procurada para fins esportivos em todo território nacional.

3ª PARTE

RAÇA

É definida como agrupamento de animais da mesma espécie e origem, com características morfológicas, fisiológicas e econômicas comuns, transmissíveis hereditariamente sob condições ambientais e de explorações ideais.
A existência oficial de uma raça requer um padrão racial, que pode ser entendido como sendo o modelo ideal que deve orientar os criadores na seleção de seus reprodutores.
O padrão racial é estabelecido por criadores reunidos em associação que deverão preserva-la através do registro genealógico.

RAÇA QUARTO DE MILHA E SUA AVALIAÇÃO PRÁTICA

ddddddd

Para se avaliar um cavalo quarto de milha, devemos responder a primeira pergunta que nos permitirá uma escolha certa, de acordo com os nossos objetivos, uma vez que a raça permite uma vasta opção de modalidades esportivas, sendo utilizada por pessoas de diversas faixas de idade.
A raça quarto de milha pode ser assim entendida como subdividida em três pontos característicos como Conformação, Corrida e Trabalho. Embora se nota algumas diferenças entre os três segmentos, todos possuem características raciais definidas, principalmente em seu equilíbrio e aptidão para um melhor desempenho de suas funções.

Muitos nos perguntam “Qual seria o melhor cavalo para mim? “

Esta resposta deve ser dada de forma simples e objetiva. Deve ser respondida com paixão e até mesmo com uma certa vaidade.

Então, já encontrou a sua resposta?

Isso mesmo, acertou quem disse que o melhor cavalo é aquele que eu gostaria de montar sempre.

Ótimo, parabéns, você começou muito bem. Afinal, ninguém gosta de montar em cavalo nervoso, preguiçoso, feio, complicado e mal conformado. Queremos um cavalo dócil, ágil e certamente muito bonito.

Por falar em cavalo bonito, o que é BELEZA?

13321754_608871365935998_6996035823604177003_n

O conceito de beleza deve ser vista de forma zootécnica que nada mais é que a forma empregada para determinar a eficiência das partes do animal em relação a sua atitude. Ela pode ser dividida em Absoluta, Relativa e Convencional
 Absoluta – Quando compreende requisitos essenciais para todos os casos. Exemplo: APRUMOS.
 Relativa – Quando se refere as particularidades que determinam características funcionais.
 Convencional – Quando o homem seleciona particularidades. Exemplo: PELAGEM

4ª PARTE

ENTENDENDO O CAVALO QUARTO DE MILHA

Para começar, vamos conhecer as regiões do corpo do cavalo, as nomenclaturas e em seguida abordar sobre equilíbrio, centro de gravidade, aprumos e dinâmica de locomoção.

REGIÕES DO CORPO

morfol10

EQUILÍBRIO E BALANCEAMENTO

Nesta fase vamos começar avaliando a estrutura óssea, estrutura muscular e outros tecidos.

ESQUELETO DO CAVALO

070-600x449

MUSCULATURA DO CAVALO

horse_muscles_reference_by_eponagirl-d4n1dkb images (8)

SISTEMA CIRCULATÓRIO DO CAVALO

Horse-Heart-300x2215b729c2416e3d148cddc59422b6c880dDDH_horse_cardiovascular_system

 

O cavalo equilibrado é observado como já dissemos anteriormente, se enquadra dentro de um quadrado que podemos também subdividir em três partes:

 Desde a ponta da escápula até a ponta da cernelha.
 Desde a cernelha até o início da garupa.
 Comprimento da garupa.

a21fig01

Um ponto importante a ser observado é o centro de gravidade do cavalo.
A posição do centro de gravidade e a distribuição do peso do corpo sobre os membros locomotores, variam nos diversos indivíduos, segundo sua conformação, suas atitudes e seus andamentos.
Levando em consideração o cavalo na posição estática (parado), a simples observação nos leva a verificar a existência de uma força que, atuando sobre o corpo (FORÇA DA GARVIDADE) impedindo a sua queda, verificando-se desta forma o centro de gravidade.

brown_horse 679px-03-rueckenprobleme horse

CENTRO DE GRAVIDADE DO CAVALO

CONFORMAÇÃO DOS MEMBROS – APRUMOS

O cavalo deve ser observado a distância, assim como de perto. Devem ser observados ao repouso e em movimento. Devem ser adequados à altura, a espessura e ao comprimento do corpo.
O impulso dos membros posteriores afeta os membros anteriores, portanto, uma conformação geral harmônica é muito importante.

arab17

Uma má conformação dos membros locomotores (APRUMOS IRREGULARES) não é por si só uma doença, todavia, pode ser considerado um aviso de fraqueza, de claudicação (MANQUEIRA) que não ocorreriam se tivesse uma boa conformação.
O cavalo deve ser observado também em movimento para ser melhor estudada a sua dinâmica de locomoção.

Imagem65

CASCOS

O casco é o estojo córneo que recobre a parte terminal do membro locomotor do cavalo, sendo que os anteriores são maiores e mais oblíquos do que os cascos posteriores.
O casco possui uma completa estrutura anatômica para que, durante toda a vida do animal, seja capaz de sustentar e atenuar as pressões e reações dos movimentos dos equinos.
O exame frequente dos cascos e sua manutenção irá auxiliar seu perfeito desenvolvimento.
O casco dos eqüinos é composto, basicamente, pela parede ou muralha, sola e ranilha, como pode ser observado na Foto.

_wsb_225x265_trig+edit+1  100_3270 13327354_1056661354415477_2817208345984490024_nimages (4)images (5)

Partes anatômica dos cascos.

Casqueamento mal feito pode prejudicar seriamente o andamento e a funcionalidade de qualquer cavalo além de aumentar os riscos de lesões, principalmente, quando as estruturas e o ângulo dos cascos em relação às partes do cavalo não são respeitados. Alterações na conformação natural dos cascos podem alterar o andamento correto do animal:

ESTRUTURA ÓSSEA CIRCULAÇÃO SANGUÍNEA

Horse-Hoof-Vascular-Systems-3D - CopiaHorse-Hoof-Vascular-System-3D30067_Korrosion lr

O completo exame do casco equino constitui procedimento essencial do exame clínico e da avaliação da claudicação (Manqueira). Como os problemas do casco são a causa mais comum de claudicação, o proprietário precisa ter um conhecimento razoável da anatomia, função e equilíbrio do casco.
O equilíbrio refere-se não apenas à aparência do casco, mas também à sua interação dinâmica com a superfície.
Para manter os cascos equilibrados, é importante verificar:
 O comprimento da pinça;
 O ângulo do casco;
 A orientação médio-lateral;
 O contorno da parede e superfície de apoio e
 A simetria dos cascos contralaterais.

Devemos ter bastante atenção sobre os cascos dos cavalos e um profissional capacitado (Médico Veterinário) será de grande ajuda em uma avaliação mais precisa, dando uma opinião técnica sobre a qualidade, integridade e anatomia dos cascos.

5ª PARTE

DINÂMICA DE LOCOMOÇÃO EQUINA

A natureza do andamento varia de acordo como se movem os quatro membros e a maneira como eles se associam.
São basicamente dois tipos de andamento e cada um deles são subdivididos em características próprias, porém, todos apresentam quatro fases.
Os dois tipos de andamento podem ser definidos como andamento SALTADO e andamento MARCHADO.

 ANDAMENTO SALTADO – Apresenta perda momentânea de contato com o solo para troca de apoios. Exemplo: TROTE e GALOPE
 ANDAMENTO MARCHADO – Apresenta contato permanente com solo para troca de apoios. Exemplo: PASSO, ANDADURA e MARCHA (BATIDA OU PICADA) dos cavalos marchadores.

Tanto o andamento saltado como o marchado apresentam quatro fases a saber:

1. Fase de ELEVAÇÃO – Flexão das articulações.
2. Fase de AVANÇO – Extensão progressiva.
3. Fase de CONTATO – Início de contato com o solo
4. Fase de APOIO – Concussão. Membro totalmente apoiado no solo.

Imagem2TROTEEEEtrote1 sons_imagens_galope

           PASSO                      TROTE                       MARCHA                            GALOPE

6ª PARTE

Prosseguindo em nossas análises, vamos agora avaliar o cavalo da raça Quarto de Milha, baseando nossas observações no padrão racial, dando algumas informações de caráter prático assim como, parâmetros zootécnicos.

CABEÇA

Através da cabeça poderemos observar grande parte das expressões do cavalo, por isso, além de suas características raciais, elas mostram vários pontos.
A cabeça deve apresentar uma conformação característica da raça, tais como:

 Cabeça pequena e leve, em posição normal, ligada ao pescoço em ângulo de 45 ⁰ com perfil reto (retilíneo).
 Fronte ampla, Faces cheias, grandes, musculosas, redondas e chatas. Ganachas bem mais largas que a garganta.
 ORELHAS – Devem ser paralelas, assimétricas, proporcional e bem implantada. É um meio importante do cavalo se expressar. Deve ser bem implantada em sua base, ter boa movimentação nos permitindo observar seu estado de espirito (Se Calmo, Nervoso, etc). OBS: Pensar sempre na orelha como um órgão de expressão.

Imagem1

O SENTIDO DA AUDIÇÃO DO CAVALO

Assim como a visão, a audição do cavalo é bem adaptada para a percepção de qualquer ruído diferente, o que é indispensável para a sobrevivência da espécie.
A forma afunilada das orelhas ajuda a dirigir as ondas sonoras em direção aos tímpanos. O movimento de cada orelha é controlado por dezesseis músculos que podem operar independentemente. Deste modo, o cavalo é capaz de voltar sua atenção a dois focos de sons diferentes.
As orelhas do cavalo podem girar até 180 graus, o que o capacita a perceber de longe a aproximação de alguém. Além do mais, o torna sensível a modificações climáticas (alterações de ventos ou proximidade de chuva), imperceptíveis ao homem.
Quando as orelhas estão voltadas para trás, o canal auditivo fica totalmente obstruído, impedindo uma perfeita audição. Por este motivo, quando o cavalo ouve um ruído muito alto, tende a voltar as orelhas para trás para abafar o som desagradável.
O cavalo é capaz de captar sons não captados pelo homem. Ao contrário dos cães (que captam melhor os sons graves), os cavalos captam os ultrassons agudos, porém não conseguem ouvir uma certa frequência de sons graves que nós conseguimos.
Essa sensibilidade auditiva pode trazer sofrimento ao cavalo. Barulho excessivo o deixa sobressaltado e agitado.
Ele também é dotado de um sistema de alerta coordenado entre a visão e a audição. Podemos observar isto na simultaneidade entre os movimentos da cabeça e dos olhos quando o cavalo ouve um ruído inesperado.
Os cavalos reconhecem ruídos familiares e também os comandos dados pelo homem e parecem melhores do que o ser humano para distinguir entre sons de intensidade aproximada.

Imagem10 Imagem11 Imagem14 Imagem15

NARINAS

Devem ser grandes e elásticas com capacidade de inspiração de oxigênio, pois caso ao contrário, se não houver a necessária admissão de oxigênio, não terá bom desempenho funcional.

Imagem2 Imagem3 Imagem4 Imagem5

BOCA

Você pode não acreditar, mas a boca do cavalo é uma das regiões mais importantes. Vejamos alguns aspectos a serem avaliados:

 Justaposição labial – Quando o cavalo apresenta o lábio inferior flácido é denominado de BELFO. Além de prejudicar a estética, sendo defeito penalizante no julgamento de conformação, também é um defeito funcional, pois prejudica a apreensão de alimentos.

ccaa 

 Simetria da arcada dentária – Quando o cavalo apresenta assimetria na dentição é denominado de prognata. O prognatismo pode ser inferior ou superior. O primeiro caso ocorre com mais frequência. A exemplo do defeito belfo, a apreensão de alimentos também é prejudicada.

dd8_foto_prognatismo

 Pontos de controle da embocadura – O bridão exerce ação principal nas comissuras labiais e ação secundária nas barras e língua. Calosidades nas comissuras labiais são áreas de cicatrizes de ferimentos, devido à violência nos comandos de rédeas, podendo prejudicar a sensibilidade e gerando o que se chama vulgarmente de “cavalo de queixo duro”. Quando não se permite o descanso para a condução de um tratamento adequado, pode ser desenvolvida uma calosidade na região do ferimento. Da mesma forma, barras também devem ser examinadas quanto à presença de sinais de cicatrizes e textura. A língua deve ser examinada quanto à textura. Quanto mais áspera, menor tende a ser a sensibilidade.

o-que-e-odontoplastia-2

 Além destes pontos de controle anteriormente mencionados, o freio também exerce ação sobre o palato, que deve ser avaliado quanto à largura e a altura. Em uma boca de palato estreito não deve ser usado freio com a curvatura do bocal larga. Se o palato é baixo, a curvatura do bocal não deve ser alta.
 A escolha de uma embocadura não pode ser generalizada, mas sim individualizada. Os casos frequentes de cavalos reagindo negativamente à embocadura são explicados pela escolha incorreta da embocadura.
 O fato é que a escolha correta da embocadura e dos momentos certos para as transições é um dos segredos da formação de um cavalo vencedor. Esta escolha depende da avaliação da boca.
 Pontas de dente – A ação da embocadura nos pontos de controle poderá ser direta ou indiretamente prejudicada pelas pontas de dente. Pelo menos duas vezes por ano os dentes devem ser nivelados e suas bordas arredondadas. Há um desgaste natural provocado pela mastigação de alimentos, fazendo com que a mesa dentária perca o nivelamento. Os efeitos indiretos sobre a ação da embocadura devem-se aos ferimentos nas bochechas e na língua. O efeito direto é causado pelo chamado DENTE DE LOBO, um dente alto e pontudo, de origem vestigial na espécie equina. Quando tocado pela embocadura o animal sente desconforto.

dente-de-lobo-1

FOCINHO

O focinho deve ser pequeno e suave em harmonia com a boca e as narinas.

Imagem2

OLHOS

Proeminentes, ativos, brilhosos, bem implantados nas laterais da cabeça perfazendo uma linha na região da fronte (Testa).

Imagem9

O cavalo deve ter uma boa visão associada a uma boa audição, sendo em conjunto um excelente mecanismo de defesa, segurança e não raro, inteligência, uma vez que há um certo discernimento do que está a sua volta.
O cavalo enxerga quase em 360 graus em torno de si mesmo. Isso ocorre porque seu olhos estão sobre os lados de sua cabeça. É por isso que ele é capaz de avistar objetos ou movimentos atrás dele, mesmo sem se voltar, porém há pontos cegos que o impedem de enxergar.

3a0c1d22bfa62e6759d2eb64f566cf94362

 Visão Monocular – O cavalo enxerga mais com um olho, mas possui também a visão Binocular, que é restrita na frente da cabeça e ao longo do seu eixo longitudinal (Coluna Vertebral).
 Como saber se ele está olhando com um olho ou os dois?

Como ele procura sempre centrar com ambos os olhos sobre algo, ele curva ambas as orelhas sempre para frente.
Quando olha de forma monocular (um olho) ele curva a cabeça.
Exemplo:

 Para enxergar mais longe ele levanta a cabeça.
 Para enxergar mais de perto ou a meia distância a cabeça se posicionará mais baixa.

O cavalo tem um modo especial de percepção de profundidade. Como nem sempre ele pode usar os dois olhos (Visão Binocular), um olho calcula a distância relativa do objeto, comparando relativamente com o seu próprio tamanho aproximado.

 OBS: Se o cavalo não pode ver o que está se passando, ele oporá resistência.
 OBS: Nunca tente aproximar-se furtivamente por traz de um cavalo, certamente ele reagirá e acidentes acontece (Escoicear)

Imagem9Imagem6Imagem7 Imagem8

PESCOÇO

Uma das primeiras expressões quando se observa o cavalo é o conjunto cabeça e pescoço, isto porque mostram nitidamente a expressão racial, tais como perfil, posição e funcionalidade.
O pescoço deve ser de comprimento médio, inserido ao tronco em ângulo de 45 ⁰. É uma estrutura complexa na qual mais de uma centena de músculos apoiam sete grandes vertebras.
O bordo inferior do pescoço é comparativamente reto e deve destacar-se nitidamente do tronco, assegurando flexibilidade.
O bordo superior é reto quando o cavalo está com a cabeça na posição normal.
O pescoço deve ser proporcional ao corpo do cavalo para um perfeito equilíbrio entre a cabeça e o tronco.

PESCOÇO INVERTIDO (DEFEITO GRAVE)

O pescoço invertido pode ser percebido mais facilmente no momento em que o animal flexiona sua cabeça para traz, pois nesse momento, ao invés de baixa-la, o animal de pescoço invertido tende a ergue-la em direção ao cavaleiro montado, fazendo uma flexão inversa no pescoço em forma de meia lua do peito para a entrada da cabeça.
É um defeito genético muito importante, pois sua incidência entre filhos de um animal com esse defeito costuma ser bastante grande.
No quesito funcionalidade, um animal com pescoço invertido jamais será um bom animal para esporte, pois sempre que se fizerem necessários os comandos de embocadura ele projetará a cabeça para traz.

Imagem16 Imagem17 Imagem18 Imagem19

COMPRIDO INVERTIDO

download images (5) images (6)

MUSCULATURA

A musculatura deve ser bem pronunciada, tanto vista de lado, como de cima.

13254218_1179368708740301_1041791884112323077_n kids-classic-style-3-4front-copy

LOMBO

Da cernelha ao lombo deve ser curto e bem musculado. Não pode ser selado especialmente em animais de esporte.
Isso permite mudanças rápidas de direção e grande resistência ao peso do cavaleiro e arreamentos.
É aceitável um declive gradual de 50 a 80 ⁰ da garupa a base da cernelha. O vértice da cernelha e a junção do lombo com a garupa devem estar aproximadamente no mesmo nível.

Imagem28 Imagem29 Imagem30 Imagem31

A cernelha deve ser bem definida de altura e espessura média.
O dorso deve ser bem musculado ao lado das vertebras e, visto de perfil, com discreta inclinação para frente.
O lombo deve ser curto, com musculatura acentuadamente forte.

Aged Thoroughbred.

            DORSO LOMBO SELADO

PEITO

Profundo e amplo. O peito visto de perfil deve ultrapassar nitidamente a linha dos antebraços, estreitando-se porem, no ponto superior da curvatura, de forma a diferenciar-se nitidamente do pescoço.
Visto de frente, a interaxila tem forma de “V” invertido devido a desenvolvida musculatura dos braços e antebraços.

Imagem26     Imagem27

TORAX

O tórax deve ser amplo, com costelas largas, próximas, inclinadas e elástico. O cilhadouro deve ser bem mais baixo que o codilho.

Terminamos aqui o nosso estudo sobre avaliação pratica de equinos e espero que todos tenham tido um bom aproveitamento das informações disponibilizadas me colocando inteiramente à disposição para dirimir dúvidas, assim como para compartilhar mutuamente de experiências que sempre são gratificantes e enriquecedoras.
Agradeço a todos que me incentivaram e me apoiaram e encerro com uma frase que para mim sempre será muito importante.

“Não quero que me deem razão, mas que acreditem na minha vontade de acertar”.

Roger O. Clark
www.rogerclark.vet.br
contato@rogerclark.vet.br